Esse fim de semana, fui duas vezes ao teatro. Aliás fui ao teatro no qual faço aula há anos, chama-se Tablado e fica na Lagoa. Digamos que é uma escola/teatro bem conceituada aqui no Rio, mas nada pertinente a nós nesse momento.
Quero falar, sobre o quanto é interessante e curiosa a magia que ocorre antes de quaisquer espetáculos teatrais, todo aquele burburinho que tem dos dois lados, platéia e coxia. Do lado de fora, pessoas que se encontram esporadicamente, se cumprimentando, sorrindo, comentando... Enfim, toda aquela ansiedade extravasando através de felicidade, de sorrisos, ou até mesmo de comentários discretos, ditos em voz baixa, apenas para sua companhia ouvir.
Os atores estão lá dentro, andando de cá pra lá, de lá pra cá, daqui até ali! Inconstantes, sem rumo, sem saber o que fazer. Depois que as cortinas se abrirem terão de fazer o melhor, pois não haverá uma segunda tentativa, e enquanto estiverem sobre os holofotes, todos estarão ali, olhando para eles, prestando atenção em cada detalhe, cada gesto, cada ruga, cada adereço, cada fala! No palco, os atores querem diversão, ação, emoção ou até mesmo a morte; e o espectador está ansioso, esperando as surpresas que a cada segundo são manifestadas de formas diferente e estas mesmas surpresas que hoje deixaram de surpreender, amanhã acontecerão de outra forma e assim sucessivamente ao longo da temporada. Pois teatro é humano, é inconstante, inesperado!
E enquanto do lado de lá da cortina, estão recitando falas, fazendos sons estranhos ou jogados num canto escuro querendo amenizar o nervosismo. Deste lado, estava eu, eu e mais vários outros interessados, falando e falando como já disse. Até que ouve-se o primeiro sinal:
- Peeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeen!
Que para assíduos frequentadores teatrais, o caso não é nada pertinente já que só é o momento em que descobre-se que realmente haverá o espetáculo. E não num forma de desrespeito, mas sim numa forma pessoal de ser, todos mantiveram-se virados, entretidos com amigos, divertindo-se até que pouco tempo depois:
- Peeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeen! Peeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeen!
Irrelevante novamente para a platéia, contudo, para a trupe, é o momento de tensão no qual todos têm de entrar no personagem e sair do transe para que possam se organizar e concluir as últimas pendências antes que finalmente comece. E então:
- Peeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeen! Peeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeen! Peeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeen!
E neste, todos vão organizando-se, sentam procurando uma posição conveniente para que possam ter plena atenção no espetáculo. Vão terminando de contar seus casos, ficando quietos. Enquanto, gradativamente, a luz vai se apagando até ficar tudo no mais sombrio breu e desta forma as cortinas vão se abrindo e a luz penetrando em nossos olhos, enfatizando a atenção no palco. Os personagens já estão em cena ou entrarão dentro de segundos e aí, finalmente, começa a tão esperada peça!

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